quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Copa Sul-americana 2007: Boca e São Paulo – duelo de gigantes (parte 1)

Na abertura da fase internacional da Copa Sul-americana, o São Paulo foi até Buenos Aires enfrentar o Boca Juniors, atual campeão da Copa Libertadores em “La Bombonera”. Tão temido em seu estádio, o Boca conta com uma equipe sem grandes destaques individuais, mas com uma consciência tática boa, tendo atletas que se aplicam fortemente para que a estratégia montada pelo seu treinador Miguel Russo seja bem sucedida.

Sabedor da boa fase pela qual passa o São Paulo, Miguel Russo optou por marcar a saída de bola da equipe brasileira dificultando a chegada da mesma em seus volantes e alas (Hernanes, Richarlyson, Souza e Jorge Wágner) obrigando os zagueiros tricolores a realizar longos lançamentos para o setor ofensivo (figura 1).

Figura 1 – Atacantes do Boca (preto) marcando a saída do São Paulo (laranja)

O Boca montou um triângulo com Gracián (10), Palermo (9) e Palácio (11) que balançava pelo campo ofensivo fazendo com que o São Paulo tivesse como única opção de saída pelo chão passes abertos nos alas. Estes recebiam pressão dos volantes argentinos (Dátolo-7 no Souza-2 e Ledesma-8 no Jorge Wágner-6) assim que recebiam a bola, não permitindo nem que esses alas virassem o corpo de frente para o ataque. Esse trio de médios recuperadores completava-se com a presença de Battaglia entre eles, jogando como um pivô defensivo nos momentos em que o Boca saía com a bola de trás.

Para as transições ofensivas (defesa-ataque), o Boca mantinha sempre 3 jogadores a frente da linha da bola, sendo o Gracián (10) responsável por sair com a bola do campo defensivo por dentro e Palácio (11) pela transição rápida “por fora” sempre se posicionando do lado em que a jogada do adversário ocorria. Essa saída rápida de trás dependia da zona onde era recuperada a bola e do equilíbrio defensivo que o São Paulo apresentava no momento. Palermo (9) ficava posicionado bem à frente para uma possível ligação direta (figura 2).

Figura 2 – Transição ofensiva do Boca montada

Com duas jogadas de bola aérea o Boca conseguiu construir uma vantagem para o segundo jogo, que só não foi maior pelo gol marcado por Borges no final do jogo em uma das poucas falhas de posicionamento da equipe argentina.

Leandro Zago

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fatores treináveis no futebol

O técnico de futebol deve se lembrar sempre ao montar seus treinamentos técnicos e táticos que ele trabalha com uma modalidade onde as habilidades se apresentam de forma aberta.

Esse esporte se caracteriza pela imprevisibilidade de sua seqüência de eventos dentro de uma partida.

Mas isso apenas reforça a necessidade de um treino que reproduza o jogo a todo o momento.

Na lista abaixo estão alguns fatores treináveis do futebol:

- Posse de bola

- com objetivos ofensivos

- com objetivos defensivos

- ataque posicional

- Passes

- curto

- longo

- direto

- misto

- Seqüências ofensivas

- planejadas

- improvisações dentro de um planejamento

- pelo meio

- pelas laterais

- jogadores envolvidos

- balanço defensivo

- Marcação

- por zona

- individual

- mista (por zona em algumas regiões e individual em outras)

- pressão

- meia-pressão

- pressão no homem da bola

- campo inteiro

- meio campo

- sincronia das coberturas

- Transições

- ofensivas (defesa-ataque)

- defensivas (ataque-defesa)

- Compactação

- em largura

- em profundidade

- Faltas

- cometidas

- sofridas

- ofensivas

- defensivas

- centrais

- laterais

- curta distância

- média distância

- longa distância

- regiões favoráveis para cometer

- regiões desfavoráveis para cometer

- regiões favoráveis para sofrer

- regiões desfavoráveis para sofrer

- Escanteios

- ofensivos

- defensivos

- organização rápida

- rebote ofensivo

- rebote defensivo

- montar o contra-ataque no escanteio contra

- eliminar o contra-ataque no escanteio a favor

- Laterais

- a favor

- contra

- na defesa

- no meio

- no ataque

- sair jogando

- alongar a bola

- movimentação sistematizada para sair da marcação

- movimentação sistematizada para criar jogada ofensiva

- Dinâmica do jogo

- veloz

- cadenciada

- variação de velocidades

- Rebotes

- ofensivos

- defensivos

- em bolas paradas

- com o jogo em andamento

- “segundas bolas”

- Desvantagem numérica

- ofensiva

- defensiva

- Reposição de bola (goleiro)

- Curta (com as mãos)

- Longa (quebrada)

- Tiro de meta (passe na lateral da área)

- Tiro de meta (longo)


Leandro Zago

Sistemas de jogo

Vamos esclarecer que não é de nosso interesse nessa matéria discutir toda a evolução dos sistemas de jogo desde que o futebol passou a ser trabalhado numa perspectiva mais coletiva que individual.

Apenas para contextualizar, temos o WM lá no início dos anos 30, passando pela Diagonal Brasileira até a chegada do 4-2-4 nos anos 50 quando os sistemas passaram a ser nomeados de acordo com o número de jogadores presentes em cada setor do campo (defesa, meio-campo e ataque), exceção feita ao goleiro por motivos óbvios. Não podemos descartar que futuramente podemos ter uma formação de goleiros que os prepare para participar na saída de bola em momentos onde o resultado é adverso.

É importante frisarmos alguns conceitos que influenciam na evolução e na opção por um sistema de jogo:

- a participação mais ativa da fisiologia do exercício implicou em maior capacidade de deslocamentos e mais intensidade nas ações praticadas, forçando alguns sistemas a se adaptarem a essa nova realidade;

- o sistema de jogo é um posicionamento inicial, além disso, a equipe possui um posicionamento “sem bola” e outro “com bola”;

- os sistemas são sempre derivados um do outro, pois na sua essência têm os mesmo compartimentos (defesa, meio-campo e ataque);

- os sistemas surgem em sua da necessidade de se anular um sistema anterior que vinha sendo bem sucedido;

- dentro do mesmo sistema existem pequenas variações de posicionamento que não são suficientes para enquadrá-lo como um “novo” sistema;

- para um mesmo sistema, a alteração das características dos atletas implica em mudanças consideráveis;

- após o início da partida, independentemente do sistema de jogo utilizado, cada equipe apresentará uma variedade de movimentações peculiar;

As características de um sistema de jogo são baseadas na ocupação espacial que ele impõe a quem o adota. A dinâmica de duas equipes pode ser totalmente diferente dentro de um mesmo sistema, o que influenciará diretamente nos resultados obtidos.


Leandro Zago

sábado, 8 de setembro de 2007

4-5-1

· Posicionamento

Figura 1 – 4-5-1

Esse sistema vem sendo muito utilizado pelos treinadores, que substituíram os dois antigos pontas por dois meias ofensivos que criam uma linha à frente dos volantes no momento em que a equipe está sem a bola e tem por função chegar a frente, encostando no atacante. Esses meias que jogam por fora são responsáveis também por facilitar a ultrapassagem dos laterais, aproximando-se destes e fazendo triangulações.

Figura 2 – 4-5-1 B

Neste novo posicionamento, são criadas duas linha de 4 jogadores com um volante entre elas e um atacante à frente. Com isso, é realizada uma marcação por zona que permite cobertura em todos os setores do campo de defesa sem muito desgaste físico. A partir do momento que a bola é recuperada, temos 4 meias para chegar ao ataque, permitindo que até cinco jogadores participem de um contra-ataque sem cada um deles percorra mais do que 50 metros.

· Características

- não exige muito desgaste físico na recuperação da bola;

- boa ocupação de espaço no setor defensivo;

- atrai o adversário possibilitando situações de contra-ataque;

- poucos atletas com características de atacantes;

- poucos atletas à frente da linha da bola quando ela é recuperada no meio;

- quando a bola é recuperada exige muita qualidade para não ser perdida rapidamente;


Leandro Zago

4-3-3

· Posicionamento

Figura 1 – 4-3-3

O 4-3-3 foi um sistema muito utilizado até meados da década de 80, surgiu do recuo de um dos atacantes do sistema 4-2-4 quando ainda não ocorria com freqüência a passagem dos laterais, fazendo com que as equipes jogassem com dois pontas bem definidos, cuja função na marcação era a de acompanhar os laterais adversários.

Esse sistema é bem presente no futebol moderno, mas teve que se adaptar porque as trocas de posições passaram a ser mais constantes e os laterais e pontas teriam que ocupar toda a lateral do campo. Acabou sobrando para os pontas que perderam seu prestígio por executar um número muito reduzido de funções, o que acarretou no desaparecimento desse jogador desde as categorias de base.

Figura 2 – 4-3-3 B

Na figura 2 podemos observar uma das variações possíveis do 4-3-3, quando um meia é trocado por um volante, fortalecendo o poder de marcação na intermediária defensiva e fazendo com que um meia apenas fique responsável pela armação de jogo. Dessa variação surgiu um novo sistema que veremos a seguir, o 4-5-1.

· Características

- número equilibrado de jogadores em cada compartimento do campo;

- boa ocupação de espaço no setor ofensivo;

- mantém um grande número de atletas adversários em seu próprio campo defensivo;

- é facilmente mudado com algumas alterações no posicionamento.

- menos atletas com características defensivas em comparação com outros sistemas;

- poucos atletas atrás da linha da bola;

- pouca participação defensiva dos atacantes;

- muito espaço à frente dos laterais;

- muito espaço para a cobertura dos volantes;


Leandro Zago